Moda e sua evolução por Manuel Alves Designer

On 30 de Maio, 2017 by in vogue

 “A rua … como inspiração! O desejo do autêntico … e o individualismo como motor”!

Hoje a mulher portuguesa tem possibilidades dentro do sistema de moda atual, de usufruir de uma infinidade de propostas estéticas que são geradas neste sistema, ao contrário do passado onde o prêt-à-porter dava os primeiros passos (anos 60) e onde ainda não se vislumbrava! Só a partir de fins de 1970, com a democratização do país e sua abertura de fronteiras, é que a mulher portuguesa teve conhecimento da verdadeira dinâmica que se operava na Moda internacional! Os Media, TV e revistas associadas ao desejo pelo novo criaram novos comportamentos nos hábitos das mulheres. Surgiram nesta fase boutiques que ofereciam propostas dentro das chamadas tendências, vindas de fora. A livre circulação também permitiu o acesso das mulheres a informação e aquisição nos países onde já se sentia o peso das propostas dos designers.

Esta democratização do conhecimento e acesso mais fácil contrariava o sistema vigente onde a costureira e o atelier de costura eram os principais meios que serviam tanto as camadas mais pobres como as mais ricas! Vinham de Paris as toiles para serem copiadas por estes ateliers. Não se geravam designers, não haviam escolas… Ao contrário do que acontecia na Europa. Ao longo dos anos iniciou-se esta procura do novo, da chamada marca de autor e do prêt-à-porter, vinculados a estas novas estéticas… as tendências, que seriam o farol na oferta de novos produtos.

Nos anos 80 a mudança nas classes mais exigentes e com conhecimento aderiram facilmente a esta movida. O prêt-à-porter estava a dar passos mais expressivos e a massificação a tônica principal: servir todas as mulheres. Continuou o chamado atelier onde surgem nomes ligados á criação e as etiquetas com o nome personalizado. José Carlos, Paulo Matos, entre outros substituem os ateliers de costura onde não se criava e só se copiava (o próprio 25 de Abril obrigou muitos destes a encerrarem portas porque só serviam classes muito afortunadas). É então nesta dinâmica que surgem nomes que iniciam a criação propriamente dita, capazes de dar expressão aos desejos de um publico ávido de novas formas, novos conceitos, que a música e as Artes tão bem publicitavam! Havia assim um público mais culto e esclarecido. O Bairro Alto serviu de plataforma a esta movida e surgem nomes como o de Ana Salazar, Manuel Alves e José M. Gonçalves, Manuela Gonçalves, Mário Matos Ribeiro e Eduarda Abbondanza, mentora e diretoria do Moda Lisboa, surgindo também uma imprensa interessada nestes. E as revistas de Moda surgem: Marie Claire, Elle, Máxima… E ao mesmo tempo uma indústria a produzir produtos que se inspiravam nas tendências internacionais para satisfazer os desejos de um público mais esclarecedor e a preços mais econômicos… A democratização do sistema de Moda… como a Zara…!

A partir dos anos 90 a evolução deste sistema é mais acentuada com uma multiplicidade de ofertas capazes de satisfazer gostos e estilos.

A publicidade, os media, a música dão fulgor ao sistema até aos dias de hoje. O sistema tornou-se global!

A moda em Portugal associa-se a esta dinâmica e os desfiles de designers com moda de autor , surgem associados a plataformas que evidenciam os seus trabalhos: Moda Lisboa e Portugal Fashion.

Pureza no passado… viajar de avião era um privilégio!

Principalmente para uma elite com poder financeiro… Os serviços das companhias posicionavam-se de acordo com as exigências dos seus clientes. O serviço incluía profissionais de bordo com estas características, daí o glamour. Vivia-se uma época onde o prêt-à-porter estava a dar os primeiros passos (só nos anos 60 é que este se iniciou). As companhias seguiam as “modas” da época, daí surgirem produtos como a mini saia, por exemplo, que vieram a surpreender o cliente com sofisticação.

Hoje viajar é um ato global, é um simples meio de transporte. As low-costs regem-se por normas onde a diminuição de custos é a sua principal norma. Já as Companhias que não se inserem neste sistema (também face a concorrência) seguem também este princípio, no entanto com mais qualidade de serviços e com muitos mais colaboradores e rotas. A massificação do conceito e o vestuário de bordo seguem os mesmos princípios. Mesmo assim cada companhia pretende criar uma imagem que incorpore a sua identidade, principalmente as que são bandeira do país. Solicitam aos designers principais a nível nacional a conceção da sua identidade/uniformes.

Viajar ainda exalta para alguns um imaginário interessantíssimo. No aeroporto, o avião ainda seduz! Pelo cruzamento cosmopolita dos seus transeuntes, pela diversificação racial ou mesmo pelo sonho que ainda perdura no imaginário das pessoas… mesmo em low-cost! O homem tem instintos sempre nómadas, e ao viajar de avião cumpre-se este principio. As viagens são maiores no tempo e há que se adequar a este. Há que se vestir confortavelmente, portanto os passageiros já não se preocupam com a imagem de quem os serve, não possuem geralmente capacidades de crítica em relação ao pessoal de bordo, já que eles também não a têm para si próprios.

O espírito couture que caracterizava o passado das assistentes de bordo terminou, mas ainda existem casos onde permanece um pouco deste espírito… O prêt-à-porter também possibilita um glamour próximo, dependendo da exigência das companhias no que diz respeito às normas de utilização dos uniformes (há companhias que fiscalizam melhor este aspeto) e o resultado é bem visível! Um uniforme depende da autoestima de quem o veste e da dedicação deste à sua Companhia.

MANUEL ALVES
www.manuelalves.pt/

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